Santiago, 18 de outubro de 2020.
Duas igrejas católicas são queimadas em meio a protestos crescentes no Chile querendo forçar uma nova constituinte.
Não vamos entrar nos méritos políticos de lá. Já temos problemas suficientes aqui no Brasil para analisar quando o assunto é cultura, ideologia e choque geracional entre “desejos”, direitos e obrigações.
A foto que correu o mundo mostra uma moça, com os dedos fazendo o formato de chifres, dentro do templo em chamas.
O triunfo do “protesto”, do viés revolucionário, da vitória de um “bem” que deve arrasar tudo e todos – naquela ótica hegeliana de que do mal total pode surgir uma purificação para o bem.
Na verdade, além de todo o olhar progressista que pensa na história como uma marcha contínua em direção a uma iluminação que tornará o homem perfeito, esta foto ilustra o perigo de não valorizar a LIBERDADE RELIGIOSA.
Uma sociedade deve ter em mente que qualquer governo, sem limites, tende ao totalitarismo. A história mostra que o poder deve ser equilibrado. O parlamentar inglês Lord Acton dizia que “o poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente”.
As liberdades são conquistas de milênios de forja de uma civilização. Está alicerçada em um conjunto de valores essenciais para que a vida humana possa se desenvolver e atingir um potencial virtuoso. E cuidar dos valores transcendentes, dos valores que vão para além desta existência, é responsabilidade de todos e cada um para a promoção da dignidade humana.
Somente onde a religião é valorizada a liberdade religiosa também o será. E, mesmo assim, a vigilância será constante para que a liberdade continue existindo como espaço a ser ocupado. E é a única forma de limitar abusos por parte de um governo com ideologia ou viés totalitário.
Enquanto o Chile arde em chamas, é responsabilidade e missão de todos e cada um de nós trabalharmos para que incêndios como este não cheguem ao Brasil.